Ariranhas são grandes predadores dos rios sul-americanos. Parentes das lontras, elas realmente parecem lontras mais avantajadas, por isso são conhecidas, em algumas regiões, como lontras gigantes.
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Distribuição
Historicamente, a espécie ocorria em quase todo o território sul-americano. Hoje, ocorre do norte da Argentina até o norte da América do Sul, mas provavelmente está extinta na Argentina e no Uruguai. No Brasil ocorre na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado e na Mata Atlântica.
Características
Conhecida como os lobos dos rios, esta é a maior espécie de lontra, sendo o maior mustelídeo do Brasil. Chega a quase 2 metros de comprimento, sendo 100 a 130 cm de comprimento de corpo, mais uma cauda de 45 a 65 cm. Pesa de 22 a 35 kg, sendo os machos um pouco maiores que as fêmeas. Cada ariranha possui manchas brancas no pescoço que são únicas para cada indivíduo, podendo ser usadas para a individualização dos animais. Possuem membranas entre os dedos que facilitam a locomoção na água.
Comportamento
São encontradas em rios de pouca correnteza e lagos, próximos a florestas e pântanos, preferindo aqueles de águas claras. Ariranhas são diurnas e descansam à noite em tocas cavadas sob raízes ou sob árvores caídas nas margens dos rios, conhecidas como “locas”. Vinte e duas vocalizações foram identificadas, usadas na comunicação entre indivíduos. Nadam muito bem e parecem desajeitadas fora d’água, mas podem se deslocar em terra por grandes distâncias entre um rio e outro. Jovens são criados na época da seca, período em que a área de rios usada pelos pais é reduzida. Vivem em grupos de até 20 indivíduos, sendo um casal com alguns jovens e filhotes. Mas animais solitários também são vistos em busca de um território e de um companheiro. Territórios vão de 12 a 32 km de rios e sua área central é defendida ativamente por membros da família. Ambos os sexos patrulham e marcam território. Grupos distintos se evitam, então conflitos parecem raros.
Em algumas áreas do Pantanal, têm sido registrados encontros em que grupos de ariranhas expulsam onças-pintadas das margens dos rios por meio de vocalizações de alarme e outros comportamentos agressivos. Embora possam fazer parte da dieta das onças, as ariranhas têm levado vantagem nesses encontros observados.
Alimentação
Podem comer até 3 kg de peixes por dia. Outras presas são raras, mas podem incluir caranguejos, anfíbios, pequenos mamíferos, moluscos e aves, além de presas maiores como jacarés, cobras e tartarugas. Peixes podem ser devorados na água, mas a maior parte é levada para ser consumida na beira dos rios.
Reprodução
Jovens nascem normalmente no início da época seca, de agosto a outubro. A gestação é de 55 a 70 dias, no entanto já foi observada em cativeiro a retardação da gestação. Geralmente, nascem de um a três filhotes, podendo chegar a cinco, pesando cerca de 200 g e com 33 cm de comprimento. Após 3 ou 4 meses, começam a ingerir alimentos sólidos e são desmamados aos 9 meses. Filhotes ficam com os pais até o nascimento da próxima ninhada e, eventualmente, por algum tempo depois. A maturidade sexual é atingida aos 2 anos de idade.
Conservação
Consideradas como “em perigo” pela IUCN, porém como “vulneráveis” de acordo com a lista nacional do ICMBio. As ariranhas sofreram uma forte redução em sua população nas últimas décadas. Está provavelmente extinta em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul e está em sério perigo de extinção em São Paulo e no Paraná.
Ameaças
As principais ameaças atuais à espécie são a destruição de habitats e a contaminação da água dos rios por agrotóxicos e metais pesados oriundos do garimpo, como o mercúrio, além da destruição das margens dos rios para a construção de hidrelétricas. Outras ameaças às ariranhas são o conflito com pescadores e a caça por sua pele, que diminuiu, comparada com algumas décadas atrás.