*Por Fábio Paschoal
A população de tigres-de-bengala do Nepal quase dobrou na última década, segundo estudos do Departamento de Parques Nacionais e Conservação da Vida Selvagem do país e grupos conservacionistas, como Panthera e Sociedade Zoológica de Londres. Em 2009 existiam 120 felinos, hoje o número saltou para 235. O estudo também revelou um aumento na longevidade dos tigres adultos e filhotes saudáveis.
Apesar de parecer pouco, é um sucesso de conservação significativo já que a população de tigres-de-bengala é de menos de 3200 indivíduos e a espécie é considerada ameaçada de extinção pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês). Imagens de armadilhas fotográficas (camera traps) e modelos de análise estatística foram utilizados para estimar o número de indivíduos e monitorar a saúde de cada animal em cinco parques nacionais. Os cientistas esperam que o sucesso do Nepal inspire outros países a aumentar os esforços para estudar e proteger esses felinos.
No encontro da Global Tiger Initiative em 2010, o Nepal e mais 12 países que fazem parte da área de vida do tigre-de-bengala se comprometeram a dobrar a população da espécie em suas respectivas nações até 2022. O Nepal se saiu muito bem apesar de ser um dos membros mais pobres do projeto.
Só para ter uma ideia do sucesso do Nepal, antes de 2010 o Parque Nacional Parsa não tinha nenhum tigre. Após o encontro da Global Tiger Iniciative, o governo expandiu as bordas da reserva, aumentou o número de soldados que patrulham áreas protegidas do país e começou um trabalho de realocação voluntária com moradores que vivem em áreas de preservação para evitar conflitos entre pessoas e os felinos.
O estabelecimento dessas condições aliadas a proteção contra caça ilegal e a destruição do habitat, permitiram que tigres do vizinho Parque Nacional de Chitwan se espalhassem rapidamente pela reserva. Hoje, Parsa é a casa de 18 tigres-de-bengala. Elefante-asiático, calau-bicórnio e rinoceronte-indiano são espécies ameaçadas de extinção que também foram beneficiadas pelo programa.
Em entrevista para National Geographic, John Goodrich, diretor sênior do programa de tigres da Ong Panthera, afrimou “Tigres e pessoas não vivem bem juntos. Sempre haverá conflitos nessa área. Então, criar reservas onde os tigres fiquem separados das pessoas é um grande negócio.”
*Fabio Paschoal é biólogo, jornalista e guia de ecoturismo. Foi editor e repórter de National Geographic Brasil por 5 anos e hoje é produtor de conteúdo do Onçafari e da GreenBond