O Onçafari, criado para estudo e conservação da vida selvagem, e o Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, firmaram parceria para monitoramento e conservação de grandes felinos no bioma atlântico. O projeto, que será desenvolvido nos 31 mil hectares de floresta do Legado das Águas, localizada no Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo, visa realizar o levantamento populacional de onças-pardas e pintadas para ações de proteção desses felinos, sendo a última espécie criticamente ameaçada de extinção na Mata Atlântica.
Com início em setembro, a primeira fase da parceria trata da instalação de 20 câmeras de monitoramento, fornecidas pela Log Nature e colocadas pelo Onçafari em diversas áreas do Legado das Águas. A iniciativa faz parte do Onçafari Science, braço de ciência do projeto, que tem como objetivos fazer o levantamento e observar o comportamento dos animais, avaliar constantemente o estado dessas populações e desenvolver pesquisas em ecologia, aumentando o conhecimento científico sobre as espécies para potencializar sua proteção.
“Nessa etapa inicial, com a instalação das câmeras, poderemos estudar e compreender melhor como se comporta a fauna da região, com foco em felinos, como a onça-parda e até mesmo a onça-pintada, que apesar de rara, está presente na Mata Atlântica”, destaca Mario Haberfeld, fundador do Onçafari.
As câmeras possuem sensor de calor e movimento, também em modo noturno. Após a coleta dos dados, será possível traçar os rastros dos animais, quais espécies estão presentes, quais áreas utilizam e assim, no caso dos felinos, identificar suas áreas de vida e extensões de seus territórios, como o uso de árvores, rios e trilhas na região do Legado. “Munidos com essas informações, teremos a oportunidade de desenvolver pesquisas em parceria com o Legado das Águas que contribuam para melhor entendimento da fauna local e levem à inciativas assertivas para a sua conservação”, explica Haberfeld.
Em um segundo momento, a intenção é fomentar o ecoturismo de observação na Reserva, reforçando a importância desses felinos. “O ecoturismo responsável é um dos pilares do Onçafari. Os encontros do público com os animais permitem que os visitantes aprendam mais sobre as espécies, para que saibam da importância desses animais na natureza e se envolvam em seu processo de proteção. Destaca-se, ainda, que a renda gerada pela visitação faz os moradores da região se tornem protagonistas do cuidado com o ecossistema no qual vivem e trabalham”, ressalta o fundador do Onçafari.
O Legado das Águas, gerido pela Reservas Votorantim, é uma referência nacional em gestão de ativos ambientais pelo modelo de negócio que utiliza a floresta em pé como meio de inovação em produtos de ecoturismo, pesquisa científica e desenvolvimento socioeconômico.
A Reserva, atualmente, abriga 13,5% de todas as espécies animais ameaçadas de extinção na Mata Atlântica e, de acordo com David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, a parceria com o Onçafari tem enorme potencial conservacionista e de negócios. “No Legado das Águas temos como proposta transformar pesquisa científica em oportunidades de negócios da nova economia. Um exemplo é a descoberta das antas albinas, fruto de pesquisa científica no território. Hoje recebemos turistas motivados pela presença desses animais que se tornaram muito queridos pela população das cidades do entorno. Vemos muito potencial na parceria com o Onçafari, que desenvolveu o turismo de observação no Brasil com alta qualidade e competência. Como dizemos no Legado das Águas, para proteger é preciso aproximar as pessoas da Mata Atlântica e de seus incríveis habitantes da floresta, tal como os grandes felinos”, finaliza o diretor.
SOBRE O LEGADO DAS ÁGUAS – RESERVAS VOTORANTIM
O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com extensão aproximada à cidade de Belo Horizonte (MG), é um dos ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve sua floresta e rica biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a manutenção da bacia hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas hidrelétricas.
Em 2012, o Legado das Águas foi transformado em um polo de pesquisas científicas, estudos acadêmicos e desenvolvimento de projetos de valorização da biodiversidade, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.
Hoje, o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas Votorantim, criada para estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável.