São vários os ápices na carreira de um tracker, mas não há nada melhor do que ser o primeiro a rastrear um casal de onças acasalando. Richard e Andrea conseguiram esse fato inédito essa semana.
Eles acharam pegadas de uma fêmea ao amanhecer. As pegadas iam em “zig Zag”, muito diferente de todas que já haviam achado até hoje. Nossa experiência mostra que as pegadas normalmente vão em linha reta. Dos grandes felinos, as onças parecem ser umas das mais focadas. Decidem por uma direção e parecem sempre escolher o caminho mais direto. Como policiais em uma cena de crime, Andrea e Richard se abaixaram e começaram a investigar essas pegadas.
Uns 200m mais a frente encontraram pegadas de mais uma onça pintada.
Agora tinham dois “jogos” de pegadas. Um de macho e outro de fêmea. Felizes da vida eles começaram a trabalhar, baixaram a cabeça e começaram a seguir as pegadas com um grande sorriso no rosto. Cerca de 1h depois de encontrada a primeira pegada encontraram o lugar onde as onças estavam acasalando. Claramente podiam “ler” no solo onde a fêmea havia cravado suas unhas na areia e sinais de que o macho havia ficado por cima dela. Perto dali, acharam tbm um lugar onde as onças haviam se deitado para descansar.
O mato foi se fechando, ficando mais denso e começaram a andar com mais cautela. Andavam na velocidade de caramujos, o que era necessário para não deixar nenhuma pista passar, já que a mata era fechada e algumas folhas vez por outra cobriam as pegadas. Cada vez ficava mais difícil de seguir as pegadas e devido a vegetação, mais difícil ainda de não fazer barulho enquanto se locomoviam.
A arte de rastrear desses dois trackers é impressionante, assim como sua dedicação. O dia começou a esquentar, os mosquitos a ficarem mais ativos, mas em nenhum momento eles perderam o foco.
Chegaram em um local onde as pegadas iam em todas as direções. Eles pararam. Seus sexto sentidos dizendo que estavam muito perto. Foi neste exato momento que ouviram o inconfundível ruído de felinos acasalando. Já haviam escutado leões, leopardos e guepardos acasalando, mas onças pintadas era a primeira vez.
Andaram mais um pouco na tentativa de ver as onças. Elas não poderiam estar a mais de 50m de distância. Mas elas devem ter escutado e continuaram andando. Missão cumprida, não iriam continuar a rastrea-las afim de não interferir em seu comportamento natural.
Após um longo período puderam esticar as costas. Muito contentes comemoraram o feito e começaram a caminhada de volta para a Mitsubishi que os levaria de volta a base. Chegaram sorridentes contando a história desse feito magnífico em uma das melhores rastreadas que já fizeram no Pantanal.
Escrito e fotografado por Adam Bannister