Entre conquistas e ameaças na conservação do meio ambiente, o país se prepara para a COP30
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, durante a Conferência de Estocolmo, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para os problemas ambientais e a importância da preservação dos recursos naturais. Ou seja, a data reforça que a qualidade da vida humana depende diretamente da saúde dos ecossistemas.
Em 2025, o tema central das celebrações é o combate à poluição plástica, destacando a necessidade de ações coletivas para enfrentar esse desafio global. Segundo a ONU, a poluição por plásticos é um problema grave que afeta ecossistemas, saúde humana e a biodiversidade.
O Brasil, país que abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, enfrenta grandes desafios na preservação ambiental. Apesar de avanços do último ano, como a redução de 32,4% no desmatamento em comparação a 2023, segundo o Relatório Anual de Desmatamento (RAD) do MapBiomas, o cenário segue preocupante. 1.242.079 hectares foram desmatados, com destaque para a região do Matopiba (região que envolve os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) que concentrou 75% do desmatamento do Cerrado, e cerca de 42% de toda a perda de vegetação nativa no país. Além disso, os incêndios florestais atingiram níveis alarmantes, com mais de 278 mil focos registrados em 2024 (Inpe), representando um aumento de 46,5% em relação a 2024.
Imagens: Edu Fragoso
No mesmo ano em que o Brasil sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém do Pará, o desmatamento, o aumento dos incêndios florestais e demais ameaças que enfraquecem a proteção ambiental colocam em risco os compromissos ambientais do país. A COP30, marcada para novembro de 2025, representa um marco histórico ao trazer os olhos do mundo para o Brasil, especialmente para os biomas mais pressionados pela degradação, sendo assim uma oportunidade para o país reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global.
O Onçafari, em compromisso de conservar a biodiversidade brasileira através da proteção de áreas naturais, marca presença no debate internacional entre lideranças globais que traçam estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, por meio da Frente Advocacy e de parcerias estratégicas para fortalecer o diálogo com diferentes setores da sociedade e contribuir com sua experiência técnica em conservação no Brasil.
Com presença em quatro dos seis biomas brasileiros: Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, e com oito frentes de atuação, o Onçafari une ciência, tecnologia e ação em campo para enfrentar os principais desafios na conservação do meio ambiente. Por meio do monitoramento contínuo de fauna, programas de reintrodução de espécies, ecoturismo responsável e ações sociais nas comunidades do entorno, entre outros, a ONG procura conscientizar a população sobre o meio ambiente, além de atuar nos pontos mais críticos da agenda ambiental do país.
Confira alguns destaques da atuação do Onçafari entre 2024 e 2025:
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Reintrodução do Xamã
O Onçafari realizou a primeira reintrodução de uma onça-pintada macho, chamada Xamã, após dois anos de cuidados e adaptação, em uma área preservada de mais de dois milhões de hectares, na Serra do Cachimbo, no sul do Pará.
Esse feito representa um marco não apenas para o Onçafari, mas também para a conservação da espécie no Brasil, país que abriga as maiores populações de onças-pintadas no mundo e desempenha um papel essencial em sua proteção. Dentre os biomas brasileiros, a Amazônia se destaca como a região mais crucial para a sobrevivência da espécie a longo prazo, por oferecer uma vasta extensão de habitat contínuo e preservado.
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Soltura do Valente
Valente é uma das antas sobreviventes dos incêndios na Caiman Pantanal em 2024. Ele foi resgatado por nossa equipe, desidratado e com queimaduras severas em suas quatro patas. Ao longo de oito meses, Valente recebeu tratamento intensivo, com combinações de diferentes técnicas para recuperar as patas queimadas, e esteve sob os cuidados de nossos veterinários e biólogos. Já recuperado, Valente foi devolvido à natureza em abril deste ano, marcando a primeira soltura de anta da história do Onçafari.
Confira como está Valente num post mais recente aqui
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Frente Anti-incêndio
Criada em 2024, a Frente Anti-incêndio visa combater, monitorar e prevenir os incêndios, uma das principais ameaças ao biomas e à biodiversidade, para assegurar a conservação da fauna e da flora. O trabalho é realizado a partir da formação de brigadas comunitárias e privadas, confecção de queimas prescritas e aceiros negros, e do fornecimento de equipamentos, ferramentas e EPIs. As atividades são guiadas por planos operativos e de manejo integrado do fogo, para garantir a execução planejada e conforme as normas e leis vigentes.

Imagem: Diego Baravelli
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Corredores ecológicos
Uma das estratégias centrais dessa atuação é a criação e manutenção de corredores ecológicos, que garantem a conexão entre fragmentos de vegetação nativa. Ao identificar áreas-chave, o Onçafari fortalece a integridade ecológica das paisagens e amplia as chances de sobrevivência de espécies ameaçadas.

Imagem: Leonardo Sartorello
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Frente Ecoturismo
O ecoturismo foi a primeira Frente pensada pelo Onçafari e foi a forma prática de mostrar a importância e a beleza da biodiversidade para a sociedade. Trabalhamos diariamente pela proteção da vida selvagem e pela geração de oportunidades para as comunidades locais por meio do turismo responsável, movidos pela convicção de que o turismo pode e deve ser uma ferramenta poderosa de conservação e transformação social.
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Conservação de onças-pretas no Cerrado
A onça-pintada já foi extinta em 54% de seu território natural do continente americano, sendo que mais da metade de sua população no Cerrado desapareceu, bioma que segue sofrendo forte pressão de desmatamento. Desde 2018, o Onçafari atua no Cerrado, na região da Pousada Trijunção e do Parque Nacional Grande Sertão Veredas (PNGSV), área de grande importância para a conservação da biodiversidade brasileira, que abriga uma concentração significativa de onças-pintadas melânicas (as famosas onças-pretas) variação rara no mundo, representando 9% da população global de onças-pintadas. No entanto, nessa área de Cerrado, aproximadamente 40% da população de onças-pintadas é composta por onças-pretas! O monitoramento na região é fundamental para ampliar o conhecimento sobre o comportamento, o território, as presas e outros aspectos biológicos e ecológicos da espécie. Além das informações individuais, a “pantera negra do Cerrado” oferece não só uma maior compreensão da vida das onças-pintadas em um dos biomas mais ameaçados do Brasil, como também contribui para o conhecimento científico sobre as onças-pretas presentes na população de onças-pintadas.
- Photo: Edu Fragoso
- Photo: Edu Fragoso
- Photo: Taile Emanuele
Conservar a biodiversidade e proteger o meio ambiente exige um esforço coletivo, que envolve governos, instituições, empresas e, principalmente, a sociedade. O Onçafari agradece a todos os seus parceiros por acreditarem no poder transformador da conservação. Juntos conseguimos manter a vida pulsando nas florestas, rios e campos do Brasil.
Se você tem interesse em conservar a biodiversidade brasileira ou os biomas junto conosco, torne-se um Amigo da Onça, clicando aqui. Juntos pela conservação!
Foto de capa: Matthias Kern
Escrito por: Maria Julia Farias