Viver na natureza com as onças-pintadas, lobos-guarás e muitos outros animais permite que a gente acompanhe de perto a vida e toda complexidade desses seres incríveis. Nossa equipe consegue flagrar de tudo, das coisas mais bonitas até aquelas que são naturais mas não gostamos tanto. A morte é uma delas.
Há um ano atrás encontramos na beira de um açude, em uma área de mata bem isolada, o esqueleto de uma onça-pintada adulta. Não foi possível identificar a causa da morte pois restavam apenas ossos sem marcas de qualquer tipo de ação. As onças morrem no seu habitat natural de velhice, em função de brigas com outras onças ou até mesmo ferimentos causados por uma presa, como o tamanduá e suas garras enormes ou os dentes afiados de um queixada.
Esse encontro raro não ficou por isso. Cada ossinho foi recolhido e enviado para o pessoal da AnatoVet, empresa especializada na reconstrução de esqueletos que fica na incubadora CRIE da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Depois de 5 meses de muito trabalho do especialista em Anatomia Animal Fernando Garbelotti e do técnico do laboratório de Anatomia Animal, Vitor Anacleto, essa onça pode ser vista novamente em pé e já está viajando de volta aqui pro Pantanal, com um novo papel importantíssimo pra todas as onças vivas na natureza: ela vai educar crianças e adultos, mostrar como até o esqueleto das onças é fascinante, vai encantar cada vez mais pessoas aumentando o número de parceiros na luta pela preservação da natureza. E vai longe, pois foi realizada a tomografia computadorizada do esqueleto inteiro da onça, em parceria com o hospital veterinário Darabas, de Palhoça, SC, e em breve qualquer universidade, escola ou museu com finalidade educativa poderá imprimir o esqueleto completo e montar uma onça-pintada seja onde for, levando adiante o conhecimento e a mensagem de conservação destes magníficos felinos.
Vida longa às onças e nosso muito obrigado à esse animal encontrado que viveu em nossas matas exercendo seu papel de onça-pintada livre como toda onça deve ser.