O Pantanal brasileiro vem sofrendo impactos que ameaçam a dinâmica periódica de inundações, e, consequentemente, ameaçam o frágil equilíbrio dos ecossistemas1. Neste bioma, a onça-pintada ocupa apenas 47% do seu território e possui uma população estimada em menos de 1000 indivíduos, sendo classificada como vulnerável ao risco de extinção. Além da perda de habitat associada à expansão agropecuária, a onça-pintada enfrenta a caça por retaliação, preventiva e esportiva, sendo a predação de animais domésticos uma das justificativas para tais ações2,3. A capacidade da onça-pintada em se dispersar em paisagens fragmentadas é pouco conhecida, podendo ser altamente limitada. Isso pode estar ocasionando o isolamento dos indivíduos, interrompendo os padrões naturais de fluxo gênico e fazendo ocorrer a deriva genética 4. Entretanto, em ambientes que sofrem alterações sazonais, como é o caso do Pantanal, pode haver efeitos distintos da perda e fragmentação de habitat nas épocas de cheia e seca sobre o padrão de movimentação da onça.